sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

síndrome do guaiamum

Piada:
"Um pernambucano vai passar o final de ano junto ao irmão em N.Y. e leva de presente pra ele uma corda de guaiamuns. Quando chega ao hotel despeja-os no box quando a camareira vê e pergunta:
-O senhor vai deixá-los aí? Esse batentinho do box é muito baixo, eles irão escapar com facilidade.
E o pernambucano responde:
-São guaiamuns de Pernambuco, se algum estiver perto de sair daí, vem outro por trás e o derruba, assim nunca irão escapar."
(autor desconhecido)


Cheguei hoje, não para falar das apresentações, Cds ou mixagens.
Vim falar de um assunto fundamental: O de SER ARTISTA.
Acabei de ler um texto super coerente num blog muito simpático da trupe de copas chamado "síndrome do carangueijo manco".
Pra quem não sabe, o movimento artístico de Recife tem, em um de seus fantasmas, a fama de ser implacável em relação a tudo que se refere ao trabalho alheio.
Não sei quando isso começou... Talvez se remeta aos tempos do império, onde Pernambuco foi uma das principais capitanias na cana-de-açúcar. Instalava-se então o "coronelismo", prática existente até os dias de hoje nos interiores bravios calcados de seca e fome. Quem tem um pouquinho a mais é rei ( me pergunto até hoje... REI DE QUÊ???).
Na minha teoria, essa aridez fecundou os corações, resistindo até os dias de hoje.
Nas artes, Pernambuco é segmentário. 95% dos eventos são de temas nascidos aqui, o que eu acharia super louvável se não fosse a obrigação sufocar qualquer outro tipo de manifestação artística.
Esse comportamento vem sempre em ondas...
Primeiro veio com a febre dos maracatus. Houve uma época no final da década de 80 pra 90 que surgiram vários grupos resgantendo esse folguedo só lembrado no carnaval. Foi 10! Eu mesma me aproximei do maracatu assim. Acho super legal o resgate! Estou chamando a atenção pro segmentarismo. Durante anos, os incentivos gerais, inclusive de mídia eram em cima do Maracatu Nação Pernambuco (excelente grupo, diga-se de passagem). Mas como os artistas que fazem o caboclinho, o cavalo marinho, as cirandas de beira de praia sobreviveram? E os que fazem música popular como os repentistas, cordelistas, etc?
Depois veio o mangue-beat, super inovador (Chico era fantástico, sou fã e até hoje fico impressionada com sua obra), novas roupas, novas gírias, super legal. E aí? Cadê o Nação Pernambuco? Pois é... saiu de cena.
Tudo era pra chamada "música alternativa", que hoje, diga-se de passagem, dominou o mercado local. Abriu(merecidamente) fronteiras pro mundo (pra uma meia dúzia de 4 bandas)... Mas e os que fazem MPB , música nordestina, os cabolcinhos, os cavalos Marinhos...rsrsrrs... aiaiaiaiaiai...
Acho que o que se chamava "alternativo" virou uma grande desculpa pra falta de qualidade. Basta-se colocar uma calça com o fundo arriado, vestir uma roupa suja, por uma boina na cabeça(acho o ó...o que é que eles vêem nisso!!! eles acham q é moderno é?), cantar mal... e pronto! São a bola da vez na mídia.
E a mídia eleva!...
Quem é a mídia????
Sei lá! Devem ser amigos de faculdade, ou de shows na época do mangue-beat.
Mas isso é um outro asunto...
Voltando ao Guaiamum manco...
O que eu sei é que todo mundo fala por trás, quem faz, quem não tem espaço pra fazer, quem está só assintindo, quem não tem nada a ver...
E assim, nada sai do lugar, nada chega realmente às melhores críticas, cidades, não entramos (os pernambucanos) no mercado nacional, mas fingimos de conta que estamos lá, afinal imagine só Permabuco não estar representativamente em lugar nenhum.
Que presunção né?
É essa presunção que faz com que as pessoas sintam-se invejosas do sucesso alheio. Simplismente não suportam ver o outro produzindo nada.
Quem está aqui, e a minoria que consegue sair, também pensa assim.
É entristecedor, vergonhoso, além de ser infantil e psicologicamnete desequilibrado.
Dentro desse turbilhão é claro que existem excessões... são raríssimas, mas existem.
Fico me perguntando... O que deu o start pra sermos artistas?
No fundo queremos fazer um mundo melhor, expor nossas idéias, criar conceitos, formar opiniões...
Ainda morro achando que podemos mudar essa situação.
Você acha que sou sonhadora????
É sonhador sim... POR ISSO sou ARTISTA... pra dar ao mundo o que sonhar, pra trazer esperança!
Quem sabe agora não MUDA?
Com o novo secretário de cultura sendo figura do mangue-beat, quem sabe ele não possa dar o exemplo da parcimônia?
E finalmente acabar de vez com esse ciclo vicioso que escurece o nome de minha terra aos olhos da arte.

É isso!
Até a próxima,
BB

2 comentários:

Nicinha disse...

oi Adryana,
Eu conheço a Ligia e recebir uma divulgação do seu trabalho por e-mail. De áurea, e perguntei se posso fazer divulgação do seu Show aqui em casa-forte, passa lá no meu blog, eu coloco coisas variadas, tava escutando as suas músicas bela voz a sua. eu vou vê se levo algumas amigas também. Não conhecia seu trabalho.
Parabéns!!!
bj Eunice

Nicinha disse...

Divulgado.
dps da uma olhadinha lá no blog e quando tiver mais próximo eu faço uma chamadinha.
se quiser divulgar meu blog para o pessoal vê tudo bem.
bj Nicinha