segunda-feira, 20 de julho de 2009

"CD é feito passarinho"

Esse é o título de uma matéria feita pelo jornalista-crítico-musical José Teles, de Pernambuco.
Ele pontuou a crise que aindústria fonográfica passa por causa de pirataria virtual e a resume inteligentemente na frase : "A música, ironicamente, retorna ao que no início do século passado, parafraseando Sinhô: é feito passarinho, é de quem pegar primeiro."
Fico pensando se esse mercado ainda virá a ser legalizado. Me pergunto se fosse cobrado um valor, simbólico que fosse, os internautas pagariam.
Culturalmente, acho que não.
Ainda ontem recebi um telefonema de uma artista querendo gravar uma canção minha. Sei das dificuldades artísticas porque passo por elas, e como "amiga camarada" liberei a música.
Então como compositora, abro mão...As vendas dos discos não acontecem mais, por causa dos downsloads e tb não ganho posteriormente...
Como se sobrevive então?
Vários artistas são professores, produtores, secretárias, funcionários públicos e bancários...
É duro "criar" e "ser" nesse ambiente!
Como artista independente, gravando grandes nomes, tenho que pagar uma fortuna de advance... os independentes na maioria das vezes não têm condições, porque concorremos com Caetano Veloso, Roberto Carlos e Adriana Calcanhoto nos editais públicos, obviamente os patrocinadores os preferem... A MPB não se renova... Como consumidora não tenho grandes novidades, qualitativamente falando, por conta disso...
Essa semana estamos com publicações na internet de matérias que falam da extinção da Ordem dos Músicos de Brasil, sendo justificada na seguinte frase "

MPF pede suspensão da lei que regulamenta profissão de músico

Para procuradora, lei é inconstitucional por violar a liberdade de expressão.
‘Se o profissional for mau músico, nenhum dano causará à sociedade’
, diz.

Acho a OMB um órgão abusivo realmente, mas daí a definirem que não existe mal pra sociedade é o fim da picada.
A música alimenta a principal essência do ser humano, a alma! O que o faz ser melhor, tratar o planeta melhor e assim evoluírmos como espécie.
Se damos um consumo de baixa qualidade, incitamos a violência que começa, na maioria das vezes, no ato do show. Então só colhemos porrada, estupros, agressões de baixo calão e etc gritados por uma multidão totalmente sem noção do que está dizendo e fazendo.
Existe uma responsabilidade artística nisso e ela está se esvaindo pro lado negro da força!
Fico preocupada com esse ciclo vicioso que se instaurou na arte.
Me parece que o caminho se estreita e a responsabilidade social-artística cada vez desaparece mais por falta de habitat natural.
É caso de uma campanha nacional!
Podemos lutar!
Então que o façamos imediatamente antes que seja tarde.
bjs
e até a próxima postagem
BB


2 comentários:

joão disse...

Adryana,
concordo em parte com você.
O que causa dano à sociedade é música ruim, cultura nociva, que reproduz aberrações. Um mau músico, em si, nenhum mal causa. Já um bom músico tocando qualquer pérola machista de fuleiragem music faz o mal, por assim dizer. Há tantos músicos ruins que são compositores incríveis... Enfim, quero chegar no seguinte: a carteirinha da OMB não ajuda em nada. Pode até atrapalhar aquele compositor genial, mas super desafinado e inepto ao instrumento.

adryana bb disse...

Concordo.
Mas a carteirinha não serve pra nada por causa da má administração. Músico ruim e sem carteira trabalha do mesmo jeito, pq os bons ñ iriam trabalhar?
Será que vale a pena perder a legalidade da profissão?
Acho que até vale né? Pq nada vai mudar mesmo... (será?)